terça-feira, 25 de maio de 2010

Nem sei o que tenho que saber


Either way, win or lose.When you're born into trouble you live the blues. I've been thinking about you baby. See it almost makes me crazy child..."
Assim, de novo e outra vez recomeço meu caminho. Incerto, repleto de incertezas, clichês mal escritos, mal entendidos e de vez em quando repetidos. Tem algo sobre a chuva que tem um poder especial sobre mim, como uma força exterior, superior, que lavasse minha alma e acalmasse minha angústia. Eu gosto da chuva, o barulho, o cheiro de terra molhada, o ar gélido envolvente.
Esse é o problema de ficar sozinho perdido em pensamentos, você tem tempo de escutar a si mesmo e de repente aquela vozinha insignificante não é tão insignificante assim, e o que antes era apenas um chiado passa a gritar em Cinemascope. É justamente nesse instante que percebe-se o quanto aquele bom dia não dado lhe incomodou, ou como de fato fez falta o elogio não recebido; e pronto, a máscara de papier machê é dissolvida em lágrimas. Você existe, e isso dói.
Há muito que evito esses momentos de reflexão em prosa, eles são muito mais dolorosos que o verso. A prosa não comporta todos os eufemismo e metáforas parodoxais da poesia, é a verdade nua e crua, a vida como ela é. Sendo a vida, não pode deixar de se contrapor à morte, seu oposto similar, afinal quanto mais vivo, menos morto e vice-versa e no fim ainda não descobri para qual lado estou pendendo.
A dificuldade da auto-análise me esvai as forças, quem sabe seja mais fácil, realmente, cantar o amor simplesmente. Ente, ente cacofonias ridículas que ecoam na mente tentando preencher o vazio impreenchível da alma. E ainda assim, uso palavras que nem sei se existem para explicar algo que não entendo. Bobagens, bobagens sem sentido que tratam da ausência de sentimento.
Eu por mim mesma ? Não existo mais, me desconheço total e complemente, perdida sigo ao lado do caminho sem volta. Não consigo mais destinguir o real da ilusão porque de tanto fingir o real tornou ilusão e a ilusão o real. E nesse jogo fake, simulo tanto que até me engano com as verdades inventadas.
Por fim, ponho um fim em tudo, me desfaço e mudo. A chuva, passou levando com ela o momento introspectivo. O barulho volta e o grito retorna ao seu estado inócuo anterior. As horas continuam passando e de repente um novo dia, um novo sorriso e tudo permanece em seu lugar devido.

"You'll be given love. You'll be taken care of. You'll be given love. You have to trust it ... Trust your head around,
it's all around you. All is full of love. All around you.." (Bjork)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um dia a gente acorda e percebe que mudou, depois de levar muita porrada e ter os ossos moídos junto aos sonhos. Um dia a gente acorda e percebe que nem toda mudança precisa ser amarga, embora o que nos mova quase sempre seja a dor, esta parceira do imprevisto...

Um dia a gente acorda e descobre do lado do avesso um espaço zen, uma espécie de paz interior que nos adula e acaricia, como se a mãe voltasse a nos pegar no colo.

Neste dia, inexplicavelmente, decidimos que o melhor a fazer numa manhã é plantar um girassol só para ver, dali a um tempo, sem angústia, dilema ou rejeição, que a vida dança a dança dos dervixes...e que a nossa entrega à vida é um ritual sem hoje nem amanhã.

A felicidade pode ser o ato de movimentar -se como os girassóis, para lá e para cá, só pra ver onde começa e onde termina o dia...sem pressa. Os acontecimentos não nos pertencem.